segunda-feira, 18 de junho de 2007

Assim Será...

Onde quer que exista ser
Assim será. Nada que possa
Acontecer, de fato, mudará.

Aliás, mudar é algo inerente ao ser,
Mesmo que o ser
Seja o nada ser.

Mas, como disse, assim será,
Assim será, assim será...

Seja em casa, no bar ou na rua.
No trabalho, nos espaços sociais
Ou no além mar,
Onde quer que exista ser assim será.

Será que será, que será
Que o ser mesmo sem nada ser, ou ter,
Quererá ser, submeter, subjugar e
Por que não dizer, pisotear, amarrar, castrar.

Isto porque não ser, não submeter,
Não subjugar é sinônimo de não existir,
De não ser chamado de tal, de senhor de capital.

E isto é uma desgraça que se alastra
Por todo ser.
Pois mesmo querendo eu não ser,
Pego-me trilhando o caminho do ser
Para poder não ser ou mesmo existir.

Ser ou não ser, assim disse o poeta,
Eis a questão.
Eu gostaria de não ser, se possível fosse,
Para não trilhar o caminho que produz morte,
dor que se parece indolor.

Como não posso renunciar o ser,
Nem fingir que não sou,
Quero considerar que também tu és;
Igual e diferente, sem, contudo, inferior.

Por que será que sou, mesmo nada o sendo?
Por que subjugar, dominar,
Ao invés de democratizar?
Por que será que não o sendo
Queres ser mais do que eu, e eu mais que você,
Quando ambos podíamos ser sem que a existência
De um anulasse a necessidade de ser do outro?

Por quê? Por quê? Por quê?
Eu sei! Eu sei! Eu sei!

Onde quer que exista ser
Assim será. Nada que possa
acontecer, de fato, mudará.



Marielson Araujo

4 comentários:

Unknown disse...

adorei tudo, a cor e a nova energia...agora sim...aqui se sente que tudo sera possivel..bjs e tudo de bom p ti.

Unknown disse...

Amei o texto, no entanto fico a questionar:
será que num lugar de ser eu estou a ocupar tal posição?
no meu íntimo, mo meu desejo incosciente somos livres, senhores de nós. Portanto, ao invés de ser eu estou. Um disfarce de ser para o sr. capital.
Sendo assim, disfarçamos que assim será.
Um beijo e um grande abraço.

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anna disse...

É impressionante a força de suas palavras. A gente acaba se envolvendo e repetindo, como um eco, seu gritos contidos mas profundos. Gosto muito do seu estilo. Parabéns!
Um cheiro.